sábado, 3 de dezembro de 2011

A morte de Deus e a morte do significado


As coisas estavam fazendo sentido. Em uma fria tarde de outubro, lá em 1965, no Wheaton College, num canto do segundo andar da biblioteca, eu peguei a última edição da revista Time e li a reportagem de capa: "Deus está morto?"* (22 de outubro de 1965). "Ateístas cristãos" como Thomas J. J. Altizer respondiam, sim. Não era novidade. Friedrich Nietzsche havia dado o atestado de morte cem anos antes: "Onde está Deus? ... Eu vou te dizer. Nós o matamos - você e eu. Todos nós somos os seus assassinos. ... Deus está morto. Deus permanece morto e nós o matamos." Foi uma confissão que lhe custou caro: Nietzsche passou os seus últimos onze anos de vida sob estado semi-catatônico e morreu em 1900.

Mas os corajosos "ateístas cristãos" dos anos 60 não calculavam os custos de serem os substitutos de Deus como super-homens (como Nietzsche os chamava). A bebida forte do Existencialismo soltava a língua daqueles teólogos criativos, como os homens cinco fileiras atrás no avião, depois de terem bebido cervejas demais. Assim, a asserção suicida de que Deus está morto fora proferida novamente. E quando Deus morreu, o significado dos textos morreram com ele. Se a base da realidade objetiva morre, então toda escrita e fala a respeito da realidade objetiva também morre. Elas andam juntas.

Assim, minha libertação, no final dos anos 60, da loucura que era matar Deus, levou-me naturalmente, no início dos anos 70, à minha libertação do vazio hipócrita do subjetivismo hermenêutico - a noção dúbia de que não existe significado objetivo em afirmação alguma (exceto nesta última). Agora eu estava pronto para o verdadeiro trabalho do seminário: encontrar o que a Bíblia dizia sobre como não desperdiçar a minha vida.

* "Is God Dead?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário